Parece um ensaio, um aquecimento, ou uma sincronização onde os músicos estão apenas se ouvindo para se saberem. O Iê Iê Iê (2009) de Arnaldo Antunes é, assim, ‘divertido’ do início ao fim.
Passa uma certa sensação de “Certo. Que horas o CD mesmo começa” mas não por falta de qualidade, muito pelo contrário, a intenção é exatamente essa (ou não – já falei que eu não sou profissional em nada do que falo aqui?). A sensação é causada nas duas dimensões mais óbvias das músicas que é perceptível pelos ouvintes: 1) a composição musical e 2) as letras.
As guitarras e violões não parecem ter efeito algum, são como se os músicos tivessem ‘plugado’ instrumento-cabo-amplificador e assim começaram a gravação – nem estou dizendo que não se usa efeito algum, muito menos que é assim com todas as músicas, mas a sensação que se quer passar é essa. A sensação é partilhada pela maneira com que Arnaldo usa sua voz nas músicas. Lembra daquele grave que parece vir do começo da garganta dele? Pouco o usa, mas é nessa parte mesma da garganta, forçando um tipo de agudo nasal (quase em tom de chacota) que assim gravou.
As letras parecem ter vindo junto das harmonias, tipo, feitas em ensaio. Ou, mais radical, as letras parecem escritas depois da música completa, para preencher a sensação de susto, de imediato. Buh: um bom exemplo da “cara” de ensaio que o CD possui está na quinta faixa, Longe 5’34”, quando o cantor conta – conta mesmo, dentro da faixa – os tempos antes da mudança de tom.
Me justifico, rapidamente, dizendo que é apenas a “cara” mesmo de ensaio. Brilhantemente elaborado, letras e músicas, foram feitas para passar esse sentido e nisso ganha muito mais em criatividade. Backing vocals bem localizados, um novo tema de velhos e popular, um resgate do bom som brega brasileiro, por fim, excelente trabalho.
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