Antes de mais nada, mãos, uma na consciência e outra no bolso. Ao toque de meus cerebelos devo admitir: não sou especialista de nada do que falo aqui. Nem agora, nem mais adiante. Mas vamos ao filme, pois o título se impõe.
Ahn? Sobre a mão no bolso? Sim, claro: procurava meu isqueiro, mas não o encontro pois subitamente lembro não ser fumante (como me sentiria se tivesse achado? Um dia ponho um em meu bolso só para saber como é a sensação). Coisas de esquecido profissional.
Últimos episódios – sim, já é o filme – da saga de Harry Potter. O último livro foi dividido em duas partes: um jogo de marketing mas que, haja vista a densidade do livro, vem a calhar em favor da própria narrativa.
Diferente dos dois últimos filmes da saga, onde David Yates sofreu da angústia dos fãs fascistas da fidelidade ao texto, tendo que enlatar um tubarão em lata de sardinha – dois tubarões, acctually – Yates pôde aproveitar para mostrar a que veio e conseguiu, a meu ver, construir uma história coerente, dramática e breathtaking.
À morte de Dumbledore, no filme anterior, sucede um início de filme já envolto em tensão; tal tensão – como um stress mesmo – o diretor tem oportunidade de usar em cenas de ação, mas, especialmente, de puro drama. O negro é a cor. A falta de saturação nas cenas abertas, nas cidades, no Ministério da Magia, sugerem o ambiente sem vida – modos de recepção das cores usados desde o primeiro filme em que alguém morre, Cálice de Fogo – intensificado pela morte de Dumbledore. Cores vívidas só são vistas mesmo dentro da barraca que Hermione leva em sua bolsa, na proteção e abrigo dos três melhores amigos.
Um filme especialmente dramático: na morte de Mad-Eye, a fuga de Harry, Ronny e Hermione, quando Ronny separa-se deles, o rapto de Luna, etc. Mas 'paga o filme' (e isso não teria sido possível sem a divisão do livro) Harry Potter, voltando a cidade onde nasceu e encontrando o túmulo dos pais – a fuga da armadilha de Voldmort, também é uma cena louvável – e a morte de Dobby, nos braços de Harry, feliz por o ter ajudado, por ter sacrificado-se por aquele que o deu a liberdade e assim, tornando-o um ser muito mais fiel que um servo, um amigo.
Podemos esperar para o próximo filme muito mais ação, sendo esse uma introdução dolorosa e amarga do último capítulo da saga.
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