"Nós canto-falamos como quem inveja negros
que sofrem horrores no gueto do Harlem
Livros, discos, vídeos à mancheia
e deixa que digam, que pensem que falem."
(Língua - Caetano Veloso)

O livro traz em primeiro plano e, cronologicamente, cada obra escrita por Bakhtin, o momento que passava em sua vida durante a escrita destas, os motivos que o levaram a ser exilado da Rússia no stalinismo e supõe, por isso, talvez, o grande hiato que existe entre a produção de sua obra e seu reconhecimento acadêmico e teórico pela comunidade.
Por mais variadas que sejam as pesquisas do russo, alguns conceitos e temas nunca o escapam e sempre se repetem, muitas vezes por outros nomes: dialogismo, carnavalização, polifonia e o erotismo grotesco. Sua teoria não foi feita para impor-se perante alguma outra, mas para cultivar o diálogo, a comunicação entre as diferentes partes. Assim, pretendia desestruturar toda e qualquer idéia de hegemonia, pois fica claro que em um espaço ideal onde todas as vozes podem ser ouvidas e colocadas em jogo discursivo, a monovoz da hegemonia desaba.
Bakhtin escrevera uma diversidade extraordinária de textos, que abordam diferentes autores – Dostoievsky, Rebelais – e temas – Idade Média, poética russa, narrativa, polifonia. A contribuição desses estudos são perceptíveis em diversas áreas da Literatura e da Linguística atuais, mas nesse livro o olhar bakhtiniano é voltado para as grandes telas, os holywoodianos, o cinema.

Brilhante livro de Robert Stam que, mesmo não tendo nascido no Brasil, é grande conhecedor do nosso país e do cinema brasileiro e faz uma pequena dedicatória aos estudiosos do cinema e de Bakhtin no Brasil, em sua introdução.
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