janeiro 20, 2011

O Hobbit - J. R. R. Tolkien

Finalmente, viajando pela literatura nerd que deixei de lado durante minha formação em letras e mesmo a escolar, me aventurei por Tolkien. E não deixem-se enganar pela hipérbole comum do vocábulo aventura, pois uso-o no seu sentido literal.

Por mais que belas palavras possam parecer enganar pelo tom – o tom, na verdade, é quem nos engana – e, por isso, exija-se do leitor uma atenção especial, minimiza-se essa atenção na leitura de O Hobbit, não por ser uma escrita de “baixa qualidade” e sim pelo estilo do autor: Tolkien sempre tenta deixar tudo claro e bem explicado, nos chamando atenção tantas vezes durante a narrativa para certo detalhe do temperamento de determinada espécie, a fala de determinada região, o apego de determinados sujeitos, para que fique claro também o sentido de certas reações como a radicalidade e imprevisão de outras.

Trata-se de uma aventura e com um desfecho até certo ponto inesperado (caráter das melhores aventuras) de um hobbit, uma espécime que existiu na Terra Média, muito miúdo – pouco menor que um anão – e meio que parecida com esse que vos escreve: caseira, aversa a longas caminhadas e amante de uma vida simples e objetiva em sua casa. Acontece que, por possuir em seu sangue descendência de uma raça hobbit aventureira,os Tuk, é lançado na viagem para recuperar o ouro de anões amigos de Gandalf – sim, “o” Gandalf.

Claro que, apesar de ter gostado muito, não pude fechar meus olhos à constante caracterização biológica hereditária que há dentro do livro e que revela aspectos – hoje, preconceituosos – da época em que foi escrito, mas usados de uma maneira tão mais “saudável” que em nada é capaz de tirar o brilhantismo do criador de um mundo complexo e de seres complexos.

O livro é um feriado para o leitor: rápido, divertido, fácil de ler, mas não adianta começar a folhear suas páginas sem o mínimo de imaginação. A Floresta das Trevas não ganha vida apenas com as reclamações de fome e cansaço do pequeno Bilbo, nem a frieza assassina de Smaug realça-se sem um leve olhar cruel as páginas em que ele se encontra.

Por fim: o filme já está vindo aí, em duas partes. A primeira poderemos assistir em 2012.

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